Homenagem
a doce tortura de ser mãe.
No final da
noite, geralmente estou cansada querendo ver um filme, ler um livro, conversar
com meu marido, e minha filha de um ano e cinco meses está fazendo manha para
dormir, respiro fundo e penso: “Serei mãe para sempre”. Confesso que quando se
planeja um filho, você não tem noção de que a maternidade não tem descanso, e
quando você prioriza outros setores da sua vida há uma culpabilidade
imensurável, principalmente quando nos referimos à primeira viagem na estrada
materna.
Toda vez que
estou na faculdade, ou mesmo fazendo projetos para o futuro, me dá uma
insegurança, pois incertezas permeiam pela minha mente, será que ela estará
segura? Será que ela está se alimentando bem? Será que vai sofrer agressões?
Será que vão ensinar alguma coisa a ela? Será que vão tomar meu lugar como
referência? Sei que parece idiotice, mas esses entre vários outros
questionamentos são sugestíveis ao meu pensamento. E por várias vezes perco o
foco, por me preocupar com o melhor desenvolvimento cognitivo, emocional,
estrutural para meu bendito fruto.
Não me
arrependo da minha decisão de ser mãe, mas não fazia ideia o quão difícil seria
por que a relação afetiva é muito forte, para simplesmente não ter preocupações
que poderão marcar as bases estruturais dos filhos da minha geração. Pois
graças a esses avanços tecnológicos, as informações para serem filtradas são
diversas, casos violentos contra crianças são noticiados com muita facilidade,
e a margem social está na esquina de qualquer família pronta para consumir um
filho seu. Estou em pânico? Não, mas não fecho os meus olhos para o que
acontece ao meu lado, para tanto, mesmo tomando cuidados para um bom
crescimento da minha filha, sei que com o mínimo descuido ela estará suscetível
às fragilidades socias, e não posso criar barreiras para que ela não viva o
mundo, como as classes dominantes fazem com seus filhos.
Acredito que é
necessário reprimir uma parcela das minhas próprias vontades, e não exigir de
mim perfeições nas atividades não maternas e maternas também, claro, para ter
certeza que o maior projeto da minha vida, tenha uma boa estrutura emocional,
para que assim eu possa estimular consciência para que ela tenha suas próprias
opiniões e saiba defender-se da melhor forma que é usando sua razão,
equilibrada por seus sentimentos e suas emoções. Penso que poderia então me
sentir mais autônoma, mais Luana e menos mãe da Sofye tendo mais êxito nas
atividades não maternas. Enquanto isso vou fazendo devagarzinho um pouquinho de
tudo, mas tendo como prioridade minha amada filha, tendo sempre a certeza de
que serei mãe para sempre, pois o limite de hoje me dará liberdade amanhã, e ao
contrário da reportagem que li da revista Época, filhos não trazem
infelicidades, pois a felicidade está no caminho que se percorre para educar um
filho, pois diante dos sacrifícios está as superações e os resultados de
contemplar seu filho crescendo com saúde física, mental, emocional portanto
espiritual.
Luana Pinheiro Porto Silveira
05/12/12 – Porto Alegre.
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