As crianças da
Umbanda
Lembro que eu
tinha dificuldades de engravidar, síndrome de ovários policísticos, e fui
curada pelo caboclo Urubatã e o vovô Jerônimo, grandes curandeiros do plano
espiritual que através da energia de Zambi, ajudaram a realizar meu sonho.
Lembro que eu tinha diversos sonhos com ela (minha filha) me visitando ao lado
do meu pai (já falecido), e pela minha imaturidade eu ficava mais ansiosa e
sensível, onde qualquer besteira que eu escutava me desanimava, mas por outro lado
eu recebia ótimas energias vindas dos passarinhos. Sim, pois lembro – me que
estava triste no meu quarto, ainda na casa da minha mãe e passarinhos entraram
sobrevoando minha cabeça me devolvendo a alegria e o conforto da esperança.
Outra vez, estava meio depressiva limpando o templo da terreira de Umbanda, que
frequento, quando um passarinho veio parar dentro do recinto assustado, comecei
a cantar os pontos de urubatã, quando ele veio para minhas mãos, e pude leva-lo
para rua, afim de que ele pudesse voar, antes chamei meu marido e minha mãe
para que confirmassem que não era um sonho, mas não, era verdade, era um sinal
de esperança em meio as minhas tristezas.
Fui
muito agraciada, por ter a visão de Oxum e poder contemplar conscientemente o
momento em que o espírito de minha filha reencarnou, pois como uma nuvem de cores
amarelas e azuis celestes, volitando sobre meu corpo, como um grande chacra,
acoplou- se a minha carne, e semanas depois fiz o teste com a alegria de estar
positivo, guardo até hoje como lembrança dessas experiências tão eternas na
minha vida. Mas não é tudo, quanto mais o tempo passa, mais minha filha se
reconhece no meio em que vive, ela sabe das dificuldades de quem a cerca, mas
mesmo assim seu espírito veio preparado para amar, mesmo aqueles que possuem
dificuldades karmicas, com o nosso seio familiar. Existem crianças que
rejeitam, quando sentem hostilidades, mas ela não, ela silencia quando não
aprova, e retribui com carinho quando não há amor por ela ou pelos seus. Jamais
ensinaria outra coisa, se não o amor a ela, mas ela já nasceu assim com
instinto benevolente, apenas tento aprimorar para que ela seja feliz amando, e
sábia nos momentos que precisar.
Vejo
ela dançando, com as orações cantadas, alegro minha alma contemplando a vivacidade
que ela reflete, uma linda flor que exala seu perfume ao som do atabaque do
terreiro de onde nasceu. No dia 8 de dezembro percebi que desde seu primeiro
dia de vida, a luta de minha filha é unir o desamor com muito amor, e que sua
caridade começa quando se propõe a sorrir e a afagar os corações em desalinho,
para gerar união entre aqueles que se desunem no caminho da materialidade. Seu
espírito é compreensivo, mas não vendo os meus olhos quando se trata de ter
consciência de que ela é uma criança e apesar de sua alegria contagiante, é
preciso preserva-la. Mesmo sabendo que ela tem sua defesa espiritual, nunca é bom
deixar nossos pequenos eres, na faixa menos vibrada das correntes energética.
As
crianças são espíritos experimentados sim, encontram inimizades onde nascem, às
vezes nós os pais já fomos, ou somos seus próprios algozes. Mas a mentalidade
muda, quando profundamente, você consegue zerar tudo e começar uma nova relação
com aqueles cujo karma se constituiu. E isso ocorre com o renascimento desses
espíritos, para uma nova conduta e tudo está atrelado a novas mudanças íntimas
que o espírito errôneo deve fazer para superar as mazelas de outrora. A maior
parte das vezes, as crianças apresentam mais sabedoria, pois estão mais
conectadas com a razão espiritual, seu canal mediúnico é mais propício em
receber e emanar fluídos aos amigos espirituais, em meio a brincadeiras, elas vão sendo intuitivas no momento de
passar mensagens divinas nos momentos em que os adultos estão precisando compreender
algo, que está distante da realidade visual deles. Pois, infelizmente a
humanidade crê somente naquilo que pode ver, e não se dispõem a enxergar aquilo
que não está sob seus olhos, mas sim no horizonte infinito. E as crianças são o
elo com o cosmo, as crianças estimulam o seu lado mais puro, mais infinito, que
se desprende da carne e conecta-se com a unidade maior que reflete a luz
divina, da Divina flor de maio.
Luana P. Porto Silveira
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