Sustentabilidade
é Bahia, ou Turista!
Analisando
alguns desdobramentos sustentáveis, me sinto chocada com a analogia direta, cuja
minha imaginação desmembrou. Grandes fundações, corporações e indústrias
desenvolvendo projetos lindos de salvem animais por exemplo, a fim de
arrecadar sei lá quantos bilhões ou trilhões de dólares em prol de reservas
ambientais, que me pergunto: Será que de fato existem? Será que o objetivo
é de promover a sustentabilidade? Claro que não. Podem ter algumas reservas
aparentes, que não custam um terço do que se é acumulado nas campanhas de
marketings justamente para que se consumam os produtos que geralmente não serve
para nada e que possuem a imagem de ecologicamente corretos, em defesa dos
animais que servem de logotipos para arrecadação de verbas. Pensando sobre
esses absurdos comparei imediatamente com as famílias italianas imigrantes em
Nova Iorque, Alcapone, entre outros que inspiraram o filme o poderoso Chefão.
Sim, pois essas ONGs, fundações estão num processo acumulativo tão fértil,
dentre o meio social que se dispõe em beneficiar os animais para não pagar
impostos, que o oculto, como lavagem de dinheiro, abuso de poder, extermínio de
pessoas, monopólio de turismo e mínima preocupação com os animais é decorrente,
não aparece para que pessoas como nós, simples, porém preocupados com
perspectivas do futuro pensem por alguns instantes que as ONGs podem ser um
caminho, já que não há políticas que tomem partido pelas causas naturalistas.
Recentemente,
minha família e eu fizemos uma visita à Bahia, certamente um lugar lindo,
maravilhoso, riquíssimo em patrimônio natural, cultural, o verdadeiro berço da
cultura, “civilização” brasileira e suas maravilhas. O fluxo de rentabilidade
baiana gira entorno da produção de coco, dendê, produção cultural, musical,
turismo entre outros. Lá conhecemos o projeto Tamar, um lindo projeto que
nasceu de lutas de ambientalistas que visavam acabar como o consumo de carne de
tartarugas, que poderia levar a extinção desses animais que ao desovarem eram
caçados para ornamentarem pratos típicos da região, na década de 60. Bacana, o
projeto ganhou corpo, a área toda foi “civilizada”, ou seja, os nativos daquela
região tiveram que sair do local para que pudessem “melhorar a aldeia”, para
ser mais específica a aldeia, transformou-se num centro de artesanato, sem artesãos,
isso significa que existem empresas que empregaram pequenos artesãos,
empresários que empregaram alguns trabalhadores locais. Esses residem no
projeto Tamar, enquanto outros foram arrancados das suas regiões. A princípio,
o projeto era real, tinha um objetivo que é justo, mas ao longo de sua
caminhada foi aderindo à ponta das armas capitalistas, onde foi estabelecido
que a causa maior fosse transformar aquele espaço num dos polos turísticos da
Bahia.
Nesse Estado
fértil, produtivo, rico, caloroso de qualidades mil, existe muita pobreza,
muito desrespeito ainda com a vida humana, pois tivemos a chance de ver de
perto a pobreza das pessoas, favelas enormes, mas diferentes do Rio de Janeiro,
onde as pessoas tem certo aparato para melhorar as condições do dia a dia,
assim como aqui no Rio grande do Sul. São pessoas simples, doloridas, marcadas
pelos problemas de saúde, educação, transporte, segurança e por ai vai... E que
odeiam turistas, sua maior fonte de renda. E por quê? Porque os turistas a
maioria são brancos, racistas que quando olham para o povo baiano, sua
discriminação é latente. Porque tratam as mulheres baianas de modo vulgar, estereotipado,
sem compreender que apreciar a sensualidade negra, não significa que deva
faltar com o respeito às mulheres e homens, significa que nós negros somos
lindos, sensuais, que rebolamos muito e bem e que somos livres, e está na hora
de respeitarem a nossa liberdade sem perder a cabeça, nem por pudores amedrontadores,
nem por sentir-se apoderados pela beleza negra a fim de cometer atos de
loucuras. Vinicius de Moraes é um exemplo que deva ser seguido de como
expressar o respeito e seu encantamento pela mulher negra, e no caso Baiana na
música garota de Ipanema.
Sem mais me
alongar, não há como se ter uma consciência sustentável em condições
capitalistas, e tomo como exemplo a Bahia, porque deveria haver políticas e estímulos
à população a conscientizar-se nos aspectos ambientais, em termos de
conservação seja das espécies, seja dos danos ambientais provocados pelos
empreendimentos que em grande parte são estrangeiros. E pelo contrário do que
deveria ser crítico, no sentido de desenvolver o grupo social baiano. Se
encontra muitos aspectos do regime colonialista, que ainda mata despudoradamente,
que rouba, escraviza, expulsa famílias de suas casas, suas regiões, e por fim
resolve tudo na ponta dos canos de armas de fogo. Para ter uma ideia, estivemos
em tempos de eleições, onde as pessoas que conversávamos diziam o seguinte: “- Bom
mesmo era no tempo do ACM, achamos que com PT iria melhorar, porque os tempos
são outros, mas nada... a violência aumentou e com bandido se resolve a bala.”
Resultado: ACM Neto ganha as eleições para chefe do Estado da Bahia. Um
drogado, que trás resquícios mais aprimorados da política colonial, que a meu
ver é a cara do filme “Poderoso Chefão – A saga pela hegemonia do poder”, um
governo que privatiza, lucra para seus governantes, não tem interesse em
conservar a área de PIB do estado, não tem interesse em conservar a vida de sua
própria espécie quiçá de outras, e essa são as nuances do Brasil, lindo,
fértil, com uma biodiversidade enorme, com uma capacidade enorme, mas sem
grandes profundidades políticas.
Luana P. Porto
Silveira